Desvendando o Soroban

Revista Made in Japan | Reportagem: Ricardo Ueno Fotos: Welison Calandria

Mais rápido que uma calculadora, o instrumento japonês que resolve cálculos matemáticos nasceu há mais de 2.500 anos. Ainda hoje, o soroban ajuda a melhorar a concentração e faz sucesso no arquipélago e entre os brasileiros de todas as idades.

À primeira vista, o objeto retangular, cheio de contas coloridas que correm nas hastes, mais parece um brinquedo. Na verdade, trata-se do soroban, um tradicional instrumento de cálculos matemáticos desenvolvido no Japão, mas que conquistou adeptos no mundo todo, incluindo o Brasil.

A história da utilização de instrumentos para calcular (chamados ábacos) começou há mais de 2.500 anos. Os primeiros ábacos eram constituídos de fios paralelos e contas deslizantes. De acordo com sua posição, representavam a quantidade a ser trabalhada. Há indícios de que o homem já utilizava o ábaco antes mesmo da escrita. O sistema de contas e fios recebeu dos romanos o nome de calculi, o que deu origem à palavra cálculo.


Entre os diversos tipos de ábaco existentes, está o soroban (o ábaco japonês), originário do chinês suan-pan. O professor japonês Kambei Moori trouxe o aparelho da China no século 17 e desenvolveu o soroban em sua cidade natal, Kyoto. Em 1662, publicou o livro Embrião do Soroban.

Apesar de Moori ser considerado o pai do soroban, manuscritos japoneses datados de 1503 já descreviam o ábaco de calcular suan-pan, levantando a hipótese de que o aparelho já era conhecido no Japão.

Trazido ao Brasil pelos imigrantes japoneses, o soroban era usado em cálculos cotidianos. O método foi desenvolvido mais tarde por Fukutaro Kato, que chegou ao País em 1956, ensinou o shuzan (arte de manejar o soroban) e fundou a Associação Cultural de Shuzan do Brasil.

Capaz de efetuar operações matemáticas com números negativos, decimais, raiz quadrada e cúbica, o soroban ainda é muito utilizado. Existem campeonatos mundiais no Japão e torneios nacionais em diversos países. A graduação do soroban começa no 15º grau e vai diminuindo até que o praticante alcance o dan.

A partir daí, o grau passa a ser contado como 1º dan, 2º dan e assim sucessivamente.
É possível continuar aumentando o número do dan infinitamente. Apesar de parecer estressante, o soroban é utilizado para relaxamento. Além disso, desenvolve o cálculo mental. Nele, os sorobanistas devem imaginar o soroban e seus movimentos de modo a solucionar os exercícios. Com o desenvolvimento do cálculo mental, contas envolvendo mais de seis dígitos podem ser feitas sem o auxílio de qualquer aparelho de calcular.