Em um mundo cada vez mais digital, pode parecer curioso que uma ferramenta milenar feita de madeira e contas continue relevante no desenvolvimento de crianças do século XXI. Mas o Soroban, o ábaco japonês, prova que simplicidade também é sinônimo de genialidade. Por trás de um visual simples, o Soroban guarda um poder impressionante: desenvolver o cérebro infantil de forma ampla, profunda e duradoura.
O que é o Soroban?
O Soroban é uma versão japonesa do ábaco, criado há mais de 500 anos. Ele é usado para realizar cálculos matemáticos — como adição, subtração, multiplicação, divisão, raiz quadrada, cúbica e números decimais — por meio da movimentação de pequenas contas em hastes verticais. Parece um brinquedo, mas é uma verdadeira academia para o cérebro infantil.
Muito além da Matematica: O que o Soroban ensina?
O grande diferencial do Soroban não é apenas ensinar matemática. Ele desenvolve habilidades cognitivas essenciais que moldam a forma como a criança pensa, aprende e resolve problemas — dentro e fora da escola. Entre os principais benefícios, estão:
Concentração e Foco
Para usar o Soroban, a criança precisa manter a atenção plena em cada movimento. Isso treina o cérebro para se concentrar por mais tempo, o que impacta diretamente no rendimento escolar em todas as matérias.
Raciocínio lógico
Ao entender a lógica por trás dos cálculos, o aluno passa a raciocinar de forma mais estratégica e inteligente, aprendendo a resolver problemas com clareza e eficiência.
Agilidade Mental
Com o tempo, a criança aprende a visualizar os movimentos do Soroban mentalmente — uma técnica chamada de cálculo mental com imagem. Isso turbina a velocidade de raciocínio e melhora o desempenho em testes, provas e até em situações do dia a dia.
Disciplina e paciência
Como toda habilidade, dominar o Soroban exige prática e persistência. Isso ensina a criança que o sucesso vem com esforço e repetição — uma lição valiosa para toda a vida.
Equílibrio entre os dois lados do cérebro
O Soroban ativa o lado esquerdo do cérebro, responsável pela lógica, mas também o lado direito, responsável pela criatividade e imaginação, principalmente quando a criança começa a fazer cálculos apenas “visualizando” o Soroban. Esse equilíbrio favorece uma aprendizagem completa e mais eficiente.
Na prática: crianças mais confiantes e independentes
Pais e professores que acompanham alunos praticando o Soroban relatam mudanças visíveis no comportamento e no desempenho escolar. Crianças antes tímidas, inseguras ou com dificuldade de aprendizagem, ganham confiança ao perceberem sua evolução com o ábaco.
A cada conta resolvida, o cérebro entende que é capaz de superar desafios. Isso gera um sentimento de autoconfiança que acompanha o aluno por toda a vida.
E no futuro? O que essa ferramenta pode gerar?
Aprender Soroban é como dar um “upgrade” no cérebro da criança desde cedo. Com habilidades cognitivas fortalecidas, ela cresce com mais facilidade para aprender conteúdos complexos, lidar com pressão, tomar decisões, organizar ideias e até liderar equipes no futuro.
Profissões como engenharia, medicina, arquitetura, ciência de dados, direito, administração e tantas outras se tornam mais acessíveis para quem cresceu com uma mente afiada e disciplinada.
Além disso, o Soroban ensina algo que nenhuma calculadora pode oferecer: autonomia intelectual.
A partir de que idade o Soroban pode ser introduzido?
Uma das grandes vantagens do Soroban é sua acessibilidade. Crianças a partir de 4 anos já podem começar a praticar, desde que com acompanhamento lúdico e adequado à faixa etária. Nessa fase, o objetivo não é fazer contas complexas, mas desenvolver noções iniciais de quantidade, coordenação motora e atenção plena.
Aos poucos, conforme a criança cresce, o Soroban evolui junto com ela — tanto nos desafios quanto nos benefícios. Cada nova etapa da infância e adolescência é acompanhada de um novo ganho cognitivo, emocional e social.
Dos 4 aos 6 anos
Nessa fase, o uso do Soroban ajuda a:
- Estimular o desenvolvimento sensorial (visão, tato, percepção);
- Desenvolver noções de número e quantidade com naturalidade;
- Aprender com diversão e movimento, o que aumenta o interesse e engajamento.
Dos 7 aos 10 anos
Aqui, a criança começa a:
- Realizar contas com agilidade e precisão;
- Desenvolver cálculo mental com imagem (sem usar o Soroban fisicamente);
- Ganhar confiança e autoestima ao perceber seu próprio avanço;
- Aprender a se concentrar mesmo em ambientes agitados.
Dos 11 aos 14 anos
Durante o início da adolescência, o Soroban continua sendo um aliado importante:
- Aumenta a resistência mental em provas e desafios;
- Ajuda a lidar com a ansiedade escolar, ao trazer segurança em matemática;
- Desenvolve a paciência e o foco em metas de médio prazo;
- Estimula a competitividade saudável, disciplina e visão estratégica.
A longo prazo: o impacto na formação pessoal
O que começa como um exercício de cálculo se transforma em um reflexo direto na personalidade da criança. O Soroban molda uma forma de pensar mais estruturada, organizada, resiliente e confiante. Essas características não apenas elevam o desempenho escolar, como formam adultos mais preparados para os desafios da vida real.
Alunos que treinam com Soroban desde cedo costumam ter mais facilidade para:
- Tomar decisões com clareza;
- Raciocinar sob pressão;
- Resolver problemas com criatividade;
- Assumir responsabilidades com mais maturidade.
Conclusão: começar cedo é plantar sabedoria no tempo certo
O Soroban, pode ser introduzido ainda na primeira infância. Ele é muito mais do que uma ferramenta de cálculo: é um instrumento de transformação interior.
Ao colocar o Soroban nas mãos de uma criança de 4, 5 ou 6 anos, estamos oferecendo uma chance concreta de desenvolver o cérebro com excelência, enquanto fortalecemos valores como foco, paciência e persistência — virtudes raras, mas essenciais para uma vida plena e bem-sucedida.
É como plantar uma semente invisível que, com o tempo, floresce em forma de inteligência, equilíbrio emocional e força de caráter. O Soroban ajuda a construir uma base sólida para o futuro — e quanto mais cedo essa construção começa, mais alto a criança pode chegar.
Katia Sayuri Takahashi
Centro Paulistano De Soroban