Matemática Sem Barreiras: O Poder do Soroban para Deficientes Visuais

História e evolução

A história do soroban começou há mais de 2.500 anos e se originou de ábacos primitivos que ajudaram a simplificar o cálculo de grandes números. O soroban japonês desenvolveu-se a partir do ábaco chinês chamado suan-pan, que, no século XVII, foi recentemente aprimorado pelo matemático japonês Kambei Mori. Em 1662, ele publicou um livro intitulado “Embrião do Soroban”, que fornece os principais princípios do trabalho do soroban.

O soroban foi ajustado para deficientes visuais no Japão, e o uso de materiais com relevo e esferas que se fixam na posição através de uma borracha compressora foi a principal mudança que permitiu que deficientes visuais fizessem cálculos de forma autônoma e rápida. 

No Brasil, após a perda da visão de Joaquim Lima de Moraes, devido à rápida progressão da miopia, o instrumento foi utilizado pela primeira vez no país por um deficiente visual. Ele deu muitas palestras e aulas sobre o uso do instrumento. Publicou um livro em braile sobre o uso do ábaco japonês, que reforça ainda mais o contributo para a educação matemática de brasileiros deficientes visuais.


Soroban adaptado para deficiêntes visuais - Imagem Prefeitura de Jacareí

O soroban foi reconhecido pelo Ministério da Educação como um recurso específico para facilitação do cálculo para alunos com deficiência visual no Brasil. A portaria nº 657 de 7 de março de 2002 relata o uso autorizado do instrumento em sala de aula e provas de concurso público. 

A implementação do soroban

A incorporação do soroban nas salas de aula inclusivas brasileiras tem propiciado bons resultados. O Instituto Benjamin Constant, responsável pela formação de referência no país, reconhece o valor do soroban no reconhecimento de conceitos essenciais da grandeza matemática e compreensão do sistema decimal. Ainda, estudos têm apontado que alunos com deficiência visual fazendo uso do soroban demonstram melhor desempenho em matemática e mais auto confiança nas habilidades acadêmicas.

Desafios e perspectivas 

Com a comprovação da eficácia, o desafio da expansão do uso do soroban passa por dificuldades como a formação docente e oferta do instrumento nas escolas. Tendo em vista os resultados e o avanço na abordagem, o investimento em política pública e capacitação docente são etapas fundamentais para sua efetivação e expansão. 

Em suma, tanto o soroban quanto a lousa interativa demonstram como a combinação de inovação e tradição pode resultar em meios mais eficientes e inclusivos ao ensino. Além de encorajar a evolução, a medida também almeja promover a igualdade de oportunidades no ambiente escolar.

Curso de Soroban +50 na Biblioteca Municipal de Jacareí - Imagem Prefeitura de Jacareí

Katia Sayuri Takahashi
Centro Paulistano De Soroban